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Quanto custa o Câncer no Brasil? E três maneiras de reduzir esse valor!

Dr. André Medici

Paper Report produzido a partir de excertos da palestra do Dr. André Medici

Em 2019, o câncer foi a 2ª maior causa de mortalidade no Brasil (Fonte:DATASUS). Isso se traduz em bilhões de reais gastos de maneira direta e indireta.

Se você quiser descobrir quanto custa o câncer para o Brasil e os modelos de financiamento que podem torná-lo mais barato, este artigo é para você.

Neste artigo, primeiro vamos falar quanto efetivamente custa o câncer e como seus gastos se dividem, contrariando o senso comum a maior parte do gasto não é com o tratamento em si; segundo, vamos explicar como é o modelo antigo de financiamento do câncer e como se enxerga o modelo do futuro, dando 3 exemplos de financiamento.

De acordo com The Cancer Atlas, em torno de 0,21% do PIB brasileiro é gasto com câncer anualmente. Mas o que muitas pessoas não enxergam é que o gasto com câncer não é apenas o tratamento.

Em 2019, o gasto estimado, incluindo o SUS e a saúde suplementar, foi de 68,2 bilhões (Fonte: Interfarma). Deste valor 72% são gastos indiretos, contra apenas 28% em gastos diretos.

Agora, você vai entender os três tipos de gastos que existem:

Os gastos diretos são os gastos mais óbvios, é o custeamento do tratamento, a assistência para o combate da doença em si.

Os indiretos não são tão claros, eles são o peso da doença na economia, isso se traduz em benefícios sociais (como auxílio doença e aposentadoria por invalidez), o absenteísmo e a perda de eficiência da economia no caso de mortes prematuras (afinal, estas pessoas deixaram de gerar valor para a sociedade).

Um terceiro custo, que não foi utilizado na pesquisa, mas países como a Suécia já fizeram estimativas são os custos intangíveis (ou sociais), estes custos estão atrelados a viver e morrer com o câncer, por exemplo, todo o estresse causado no paciente e seus familiares podem se traduzir em doenças mentais que posteriormente precisarão ser tratadas.

Um ponto que realmente merece destaque nestes dados é a distribuição dos gastos, o SUS é responsável por aproximadamente ¼ de todos os gastos com câncer, o setor privado com os ¾ restantes . Todavia, ¾ da população são dependentes do SUS (Fonte: DataSUS), ou seja, há uma inversão que pode se traduzir em sérias inequidades no tratamento deste tipo de doença.

A verdade é que o câncer tem ficado cada vez mais caro, os novos tratamentos, como por exemplo, os genômicos, são tratamentos que praticamente precisam ser criados para cada paciente, o que eleva muito os custos.

E outro problema está no modelo de financiamento, além das muitas ineficiências, o pagamento se dava por quantidade; logo, mais tratamentos é igual a mais gastos.

A grande mudança que estes três modelos de financiamento trazem é a reorganização do formato de pagamento, ou seja, agora o foco está nos resultados. Mas isto ficará mais claro assim que abordarmos o primeiro exemplo.

1 – Concentrar os Recursos para o Câncer em Fundos Específicos

Ao concentrar os recursos em um local específico, fica simplificado realizar parcerias estratégicas onde os recursos são agrupados e direcionados para iniciativas implementadas por parcerias público-privadas.

Por exemplo, imagine que uma indústria farmacêutica está desenvolvendo um tratamento para um tipo de câncer específico, o fundo poderia prover um auxílio financeiro nesta empreitada de risco, mas com uma condição: a indústria apenas ganharia a maior parte do dinheiro, caso o tratamento fosse bem sucedido. Este tipo de contrato já está sendo utilizado por muitas indústrias e planos de saúde.

2 – Inovações no Processo de Alocação de Recursos para o Câncer

Uma das maneiras de promover estas inovações é criando incentivos fiscais para atividades relacionadas ao câncer, hoje já existem vários governos que estão utilizando políticas com incentivos associados a iniciativas inovadoras, para financiar programas com custo-efetivo de combate ao câncer, com protocolos específicos para sua generalização.

Neste caso específico, por exemplo, fomenta-se a pesquisa privada através da diminuição de custos diretamente na fonte. Não seria necessário passar por todo processo de recebimento de investimentos.

3 – Microsseguros Vinculados a Organizações com Participação Comunitária

O microsseguro é um tipo de seguro criado para englobar pessoas de baixa renda, isso porque são desenhados para cuidar de riscos específicos de uma pessoa ou grupo de pessoas.

A África do Sul, por exemplo, utiliza fundos específicos para financiar microsseguros focados em estratégias custo-efetivas de combate ao câncer.

Uma vez estabelecida sua eficácia, é possível, inclusive, definir linhas de inovação que serão apoiados com participação voluntária de comunidades, eventuais aportes públicos e linhas definidas.

Existem vários outros exemplos de modelos de financiamento que poderiam ser trazidos aqui, mas o ponto central é: estamos saindo de um modelo em que se paga o câncer por volume, em nome de escolher protocolos que darão o melhor resultado. E é este tipo de mudança que realmente poderá diminuir os custos do câncer.

Vamos recapitular?

Até aqui você aprendeu que o câncer é um dos principais motivos de morte no Brasil, e que gera um gasto bilionário todo ano. Mas esse gasto não se traduz apenas em tratamentos, há gastos indiretos, como benefícios sociais e ineficiências econômicas causadas por mortes prematuras.

O custo do câncer está crescendo devido às novas terapias, mas um dos principais motivos da ineficiência está na sua forma de financiamento, hoje se dá pela quantidade de tratamentos.

Os novos modelos de financiamento buscam justamente inverter essa lógica, focando em financiar o resultado, ou seja, investir no combate ao câncer de maneira custo-efetiva.

Parabéns por ter lido até o final, posso te fazer um convite?

Até aqui você aprendeu os custos do câncer e maneiras de reduzi-los, se você quiser ir além, precisa conhecer nosso Programa de Educação Continuada em Saúde Pública.

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