Paper report produzido a partir de palestra do Dr. Brad Rotu
O câncer de pulmão é a neoplasia que mais mata ao redor do mundo, de acordo com a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde). Em 2020 foram registradas 1.8 milhão de mortes por câncer de pulmão – sendo 90% dos casos relacionados ao tabagismo – havendo uma previsão da OMS que, caso nada seja feito, em 2040 tal número chegará em 3 milhões, um aumento de 66,7%.
A conhecida “guerra contra o tabagismo” teve início há 60 anos, sendo atribuído como seu marco inicial o relatório do Royal College of Physicians no Reino Unido em 1962 e o posterior relatório do Cirurgião Geral dos EUA em 1964, ambos reconhecendo os perigos do tabaco.
Entretanto, este combate mudou de viés ao longo dos anos e hoje existe uma equivocada demonização da nicotina por uma parcela da sociedade – e inclusive alguns profissionais da saúde.
No texto de hoje, a história do combate ao tabagismo e as doenças dele decorrentes, será esclarecido se realmente existem e quais são os danos potenciais do uso habitual de nicotina e quais as formas alternativas de liberá-la, assim reduzindo danos..
Se você se interessa pelo tema e quer estar mais preparado para esclarecer eventuais dúvidas de seus pacientes a respeito do contexto moderno do tabagismo com o advento de cigarros eletrônicos e similares, este artigo é para você.
1 – A evolução da guerra contra o tabagismo
Como dito, o câncer de pulmão – estritamente ligado ao tabagismo – é um grande problema a nível global e detém uma tendência ao agravamento da situação. Ainda, a partir das referidas constatações científicas dos perigos do tabaco nos anos 60, deu-se início a uma mobilização dos governos visando a redução do número de fumantes ativos.
Ao colocar fogo em um cigarro convencional, além da nicotina, serão entregues ao usuário mais de 7000 outros produtos químicos prejudiciais contidos no cigarro – como por exemplo o alcatrão. Além disso, não há nenhum outro processo habitual onde o corpo humano inala fumaça, agravando a situação.
Entretanto, a guerra contra o tabagismo vem tomando uma abordagem que a transformou em uma guerra contra todo o tipo de uso de tabaco e a demonização da nicotina. Dessa forma, impondo apenas uma solução para os fumantes, que é a total abstinência de tabaco e nicotina.
Tal radicalização é errada e ineficiente, podendo inclusive ser comparada com a experiência da lei seca nos EUA e seus resultados nada satisfatórios.
Mas, afinal, nicotina não faz mal?
2 – O potencial danoso da nicotina
Além do câncer de pulmão, existem diversas outras doenças relacionadas ao tabagismo. Porém, nenhuma das doenças de alto risco das quais os fumantes estão expostos é causada pela nicotina.
Na verdade, a nicotina é uma droga bastante segura. O médico vencedor do prêmio Michael Russel e especialista em redução de danos do tabagismo, Brad Rotu, repete constantemente em suas aulas e palestras que a nicotina não é mais perigosa do que a cafeína. O verdadeiro inimigo é o mecanismo para liberá-la – no caso do cigarro, a fumaça.
Hoje, existem diversos meios alternativos de liberação de nicotina com muito menos risco que fumar um cigarro. Brad explica que mesmo inalando todos os 7000 químicos contidos no cigarro, uma pessoa precisa de 20 a 40 anos em média de tabagismo constante para chegar a ter câncer ou uma doença cardiovascular, elas não acontecem da noite para o dia – mas acontecem.
Agora, se pudermos liberar a nicotina de uma forma que não pela fumaça, de forma limpa – como a cafeína quando bebemos uma xícara de café – então os riscos são reduzidos a quase nada.
Existe uma grande confusão, não só pelo público em geral, mas até por alguns médicos, de que é a nicotina que causa muitas dessas doenças, porém não é o caso.
3 – Utilização de meios alternativos de liberação de nicotina como redutores de danos no Brasil e nos EUA
O principal ponto a ser considerado para conferir a segurança de um produto é a existência da combustão do tabaco e a consequente liberação de fumaça.
Recentemente foram realizadas audiências públicas a respeito do tema pois havia uma omissão dos órgãos fiscalizadores brasileiros em relação a ele. Nessa ocasião, Brad aconselhou que as autoridades brasileiras considerassem a redução de danos com o uso de produtos alternativos de liberação de nicotina em detrimento da adoção de uma medida puramente proibicionista. Assim, os fumantes podem se ajustar a produtos sem fumaça e que lhes façam menos mal.
O médico frisou que a proibição ou não regulamentação de tais produtos é contraproducente, pois desestimula pesquisas e testes com novos meios alternativos.
Nos EUA, a FDA aprovou e já está implementando o que se falou até aqui. Ela permitiu a entrada de novos produtos de tabaco no mercado americano e que, inclusive, poderão alegar que apresentam menos risco do que cigarros convencionais.
Um exemplo de produto assim é produzido pela sueca Snus. Trata-se de um produto que é colocado dentro do lábio e que faz com que a nicotina seja absorvida pela mucosa bucal, sem fumaça. Tal produto já é utilizado na Suécia há mais de 200 anos, sendo este o país da Europa com menor taxa de câncer de pulmão entre homens – por uma grande margem.
Outro produto liberado pela FDA é um mecanismo que aquece tabaco, mas sem colocá-lo em combustão, assim liberando a nicotina sem gerar fumaça.
Ao fim, tais estudos e inovações são importantes para que os médicos possam incluir as pessoas, empoderando-as, e não as excluindo. Se algum paciente quiser usar nicotina, como médico, é possível lhe mostrar um dispositivo que vá lhe causar menos danos, fornecer dados e dar orientações sobre, mas nunca fazer escolhas pelos outros.
Recapitulando
Neste artigo você aprendeu como surgiu e se desenvolveu a chamada “guerra ao tabagismo”. Em seguida, entendeu de uma vez por todas se a nicotina faz mal ou não e quais são possíveis formas de consumi-la de maneira mais segura.
Parabéns por ter lido até o final, posso te fazer um convite?!
Se você ficou interessado no tema e quer assistir a palestra completa, precisa conhecer o Edutalks Entendendo a Inovação no Combate ao Tabagismo – Dr. Alexei Peter dos Santos e Dr. Brad Rotu
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